A
Temática central da psicologia da educação é hoje a dinâmica que se constrói
entre ensino e aprendizagem, temática em que esta área iniciou fortemente a sua
investigação no início do século XX. É importante referir que no início do
século XXI, esta disciplina não perdeu de vista a sua temática geral: estudar
as dimensões psicológicas dos processos educativos em toda a sua amplitude, com
uma relevância nos processos de ensino e aprendizagem, assumindo que a
aprendizagem também acontece fora da escola e muitas vezes divorciada da
dimensão ensino. Quem nunca aprendeu sem ser ensinado? Contudo, à medida que
avançamos nas funções mentais superiores, mais o outro nos faz falta.
Assim,
na actualidade, a aprendizagem é concebida como um
processo de construção, com um carácter intrinsecamente social, interpessoal e
comunicativo, e o ensino como um processo complexo de estruturação, orientação
e organização de apoios e suportes culturais facilitadores dessa construção.
Neste contexto, a psicologia da educação ultrapassa a fronteira
da aplicação de avaliações psicológicas e psicopedagógicas bem como a aceitação
redutora da prática clínica num determinado contexto. Por exemplo, na escola,
concebendo a criança apenas na sua condição de aluno ou, num lar de idosos, um
adulto na sua condição de utente.
A psicologia da educação considera que o desenvolvimento
psicológico não pode acontecer fora de uma cultura e dos seus agentes
diversificados. Considera ainda que este desenvolvimento psicológico acontece
ao longo de toda a vida, onde a aprendizagem é um processo contínuo e
permanente, sobretudo, na interacção com outros mais competentes, como nos
ensinou Vigotsky.
A Eterna questão permanece: em que contextos poderá intervir um
psicólogo educacional? De um modo geral, e não querendo competir com a
megalomania induzida da psicologia clínica, um psicólogo educacional poderá
intervir em contextos onde seja necessário construir
uma aprendizagem que permaneça, que
se automatize e que se interiorize – um conhecimento, uma
capacidade, um comportamento, um saber fazer, um saber dizer, um automatismo,
uma habilidade visual, auditiva, motora, manual ou até uma capacidade
organizativa ou directiva. Tudo isto a partir da interiorização da relação social criada na interacção,
posteriormente expressa de forma autónoma, depois de ter sido sustentada e
realizada exteriormente de um modo explícito.
Sérgio Gaitas, psicólogo educacional
Sem comentários:
Enviar um comentário