terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

[Espaço Psicologia] - Psicologia da Educação

 
A Temática central da psicologia da educação é hoje a dinâmica que se constrói entre ensino e aprendizagem, temática em que esta área iniciou fortemente a sua investigação no início do século XX. É importante referir que no início do século XXI, esta disciplina não perdeu de vista a sua temática geral: estudar as dimensões psicológicas dos processos educativos em toda a sua amplitude, com uma relevância nos processos de ensino e aprendizagem, assumindo que a aprendizagem também acontece fora da escola e muitas vezes divorciada da dimensão ensino. Quem nunca aprendeu sem ser ensinado? Contudo, à medida que avançamos nas funções mentais superiores, mais o outro nos faz falta.
Assim, na actualidade, a aprendizagem é concebida como um processo de construção, com um carácter intrinsecamente social, interpessoal e comunicativo, e o ensino como um processo complexo de estruturação, orientação e organização de apoios e suportes culturais facilitadores dessa construção.
Neste contexto, a psicologia da educação ultrapassa a fronteira da aplicação de avaliações psicológicas e psicopedagógicas bem como a aceitação redutora da prática clínica num determinado contexto. Por exemplo, na escola, concebendo a criança apenas na sua condição de aluno ou, num lar de idosos, um adulto na sua condição de utente.  
A psicologia da educação considera que o desenvolvimento psicológico não pode acontecer fora de uma cultura e dos seus agentes diversificados. Considera ainda que este desenvolvimento psicológico acontece ao longo de toda a vida, onde a aprendizagem é um processo contínuo e permanente, sobretudo, na interacção com outros mais competentes, como nos ensinou Vigotsky.
A Eterna questão permanece: em que contextos poderá intervir um psicólogo educacional? De um modo geral, e não querendo competir com a megalomania induzida da psicologia clínica, um psicólogo educacional poderá intervir em contextos onde seja necessário construir uma aprendizagem que permaneça, que se automatize e que se interiorize – um conhecimento, uma capacidade, um comportamento, um saber fazer, um saber dizer, um automatismo, uma habilidade visual, auditiva, motora, manual ou até uma capacidade organizativa ou directiva. Tudo isto a partir da interiorização da relação social criada na interacção, posteriormente expressa de forma autónoma, depois de ter sido sustentada e realizada exteriormente de um modo explícito.
Sérgio Gaitas, psicólogo educacional

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