quinta-feira, 1 de março de 2012

[Opinião] - "Quando um burro fala, o outro baixa as orelhas" de Fátima d'Oliveira



"Porque é todos os dias, na rotina do dia-a-dia, que também conhecemos os nossos verdadeiros amigos. uma palavra, um sorriso, um gesto que nos afaga e aquece a alma. Algo pequeno, que para nós tem um significado grande, do tamanho do mundo. Algo pequeno, tão pequeno, que passa despercebido à pessoa que a faz.  É espontâneo. E é essa espontaneidade que, pelo menos a meus olhos, a torna tão verdadeira e preciosa." 




"Quando um burro fala, o outro baixa as orelhas". Tenho que admitir que quando olhei para o nome e para a capa (sim, eu "leio"um livro também pela capa)  não me chamou logo a atenção. Mas depois li a sinopse e interessou-me. Desde nova que o que diz respeito à saúde me cativa, daí o tema central deste livro me ter suscitado algum interesse. Viver com Ataxia de Friedreich. Mas afinal o que é isto?

Um livro pequeno, com uma leitura fácil e descontraída. A autora "fala" na primeira pessoa, de como era e foi a sua vida antes e depois de saber que sofria desta ataxia, uma doença degenerativa. A sua infância,  os seus sonhos, os seus medos. Tudo o que caiu por terra, o que mudou. A mulher que se tornou. O que os outros vêem e o que ela realmente sente. 

Aquilo que vou dizer de seguida choca-me, mas tenho perfeita noção que isto acontece: quando vemos uma pessoa numa cadeira de rodas, inevitavelmente "olhamos" para essa pessoa com uma certa pena. Neste livro a autora passa-nos o que sente quando percebe que os outros a estão a olhar dessa maneira, porque ela não se sente assim. Mostra-nos que uma pessoa numa cadeira de rodas pode sentir-se uma pessoa mais forte, por ter de passar obstáculos que, se andasse,não teria. Tem oscilações de humor, mas isso, todos temos. 

Um pequeno livro, com uma grande vida "dentro" dele.

Avaliação Geral: 4 (Bom)

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