domingo, 13 de maio de 2012

[À Lareira Com] - Fábio Ventura






À Lareira com...Fábio Ventura, autor da saga Orbias.



Tens publicados dois livros, uma saga de fantasia, Orbias. Como surgiu a ideia de os escreveres?

Sempre me senti fascinado pelo género Fantástico e pela ideia dos mundos paralelos. Além disso, em livros ou filmes, sempre tive preferência por protagonistas do sexo feminino. Foram esses três elementos o ponto de partida para criar o mundo de Orbias e toda a história dos dois livros. Com essa base, a história foi nascendo e crescendo, quase como se as personagens estivessem a contar a sua história através de mim.

Onde vais buscar a inspiração para a tua escrita?

Não tenho inspirações muito específicas. Normalmente, quando preciso de ideias e de inspiração, costumo fazer algo que me estimule a imaginação. Nesse sentido, vejo imensos filmes e séries de televisão, jogo videojogos, pesquiso obras de arte, oiço muita música e leio bastante. Todas essas formas de arte permitem desbloquear qualquer coisa cá dentro para criar as minhas histórias e personagens.

O teu livro "Orbias - As Guerreiras da Deusa" já vendeu mais de 3 mil exemplares. Como é que isso te faz sentir?

Bastante feliz, obviamente. Quando soube que o primeiro livro ia ser publicado, não esperei alcançar tanto sucesso, especialmente com todos os obstáculos. Era jovem, era novo no meio literário, era um português a arriscar no género fantástico e o país começava a mostrar os primeiros sinais de crise acentuada. Tive de lutar contra tudo isso, mas dados os resultados das vendas, penso que tenho sido muito bem sucedido.

Tens tido boas reacções por parte dos leitores em relação á tua escrita? O que te dizem?

Desde o início que as reacções dos leitores têm sido as melhores e na sua maioria têm adorado os dois livros. Tenho a sorte de ter um grupo de leitores muito dinâmico e que interage bastante comigo. São leitores que apontam tanto os meus pontos fortes (como as descrições ou a imaginação) como alguns pontos a melhorar. Mas são essas críticas construtivas que me têm permitido melhorar. Afinal, o livro é sempre algo inacabado e o autor um potencial em constante crescimento.

Sabemos que tens um terceiro livro para ser publicado, mas que têm surgido alguns contratempos. Como isso te faz sentir?

Um pouco frustrado, confesso. Claro que quando o autor termina um livro, quer imediatamente mostrá-lo aos seus leitores, leitores esses que estão constantemente a pedir um livro novo. O livro está pronto há praticamente um ano. Mas devido a uma grande reestruturação na editora e à actual conjuntura económica do país, as coisas ficaram incertas e o lançamento tem sido constantemente adiado. Neste momento, não há uma data definida para o lançamento, mas é provável que seja só em 2013 e talvez por uma editora diferente.

O que podes adiantar sobre esse livro aos nossos leitores?

Posso contar um pouco da sua história. O livro segue a história do Leo, um rapaz que é acusado injustamente da morte de uma rapariga e que é ajudado por uma mulher misteriosa que desde cedo revela a sua identidade: ela é a Morte. A partir daí, Leo e a Morte iniciam uma espécie de road trip onde conhecem personagens bastante bizarras. É um livro que se centra bastante nesta personalidade, com muito humor negro à mistura, mas que ao mesmo tempo tem bastantes propostas de reflexão nas entrelinhas. Convém referir que este livro é totalmente independente dos dois Orbias.

Tenho a opinião de que os autores portugueses são pouco lidos, mesmo por nós próprios, no entanto sinto que, de algum modo, isso está a mudar. Concordas com isso?

Concordo. Noto que os leitores vão perdendo aquele preconceito em relação aos autores portugueses, que são fracos em relação aos autores estrangeiros. Ainda há muito trabalho pela frente e as editoras também não arriscam muito em novos autores portugueses. Mas se analisarmos os tops de vendas nacionais, reparamos que há lá muitos nomes portugueses e esse é um sinal, não só de mudança, mas também de que temos excelentes casos de talento em Portugal.
  
O que podes apontar como sendo o mais difícil de escrever e publicar um livro em Portugal?

Penso que é o facto de termos um mercado literário muito pequeno e com pouco espaço para grandes riscos. E como consequência, há alguma falta de dinamismo no mundo dos livros. Além disso, há um aspecto contraditório a esse primeiro obstáculo que é a concorrência agressiva, especialmente de autores estrangeiros publicados no nosso país e que trazem consigo uma poderosa máquina de marketing.

Que significado a escrita tem na tua vida?

Gosto bastante de escrever, mas mais do que o acto de escrever em si, gosto ainda mais de criar histórias para os leitores, de os emocionar e de os fazer sonhar. A partir do momento em que comecei a escrever e a publicar que a escrita se tornou parte de mim e uma parte fundamental da minha vida.

Há alguma mensagem que gostasses de deixar aos nossos leitores, amantes de livros?

A mensagem que quero deixar é para não se deixarem abater pelas constantes notícias de crise e das dificuldades que o país atravessa. Continuem a cuidar do livro como se fosse o vosso amante e ele retribuirá com a possibilidade de entrarem em novos mundos que vos permitem sonhar e reflectir sobre o mundo e a própria condição humana.

Obrigada Fábio Ventura.

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