terça-feira, 8 de maio de 2012

[Opinião] - "Alma Rebelde" de Carla M.Soares






“Ainda assim, sou o mais afortunado dos homens. Quantos de nós podem vangloriar-se sequer de suportar a mulher a que foram condenados por seus pais , quanto mais amá-la com toda a força do seu coração? E quantos têm a felicidade de amar uma mulher, sabendo que ela estará sempre a seu lado?”








É com alguma vergonha que digo que tenho conhecido a literatura portuguesa unicamente nos últimos meses, um ano talvez. Mas digo também que tem sido uma boa surpresa pois tenho lido livros de que tenho gostado.

Bem, isto para dizer que este foi mais um dos poucos romances em português que li. E gostei, sim gostei.
É uma leitura leve e agradável, que se lê de um sopro. Um romance apaixonante, que nos faz sonhar com o amor.
Um dos pontos que mais gostei no livro foi a perspectiva histórica que este nos trás. As ideias e os valores defendidos na altura, como por exemplo o facto de serem os pais a escolherem os noivos para as filhas, por vezes como um negócio, de modo a conseguir um bom dote ou um bom nome. O mais interessante foi ver que isso aconteceria não apenas com as filhas, raparigas, mas também com filhos rapazes.

As descrições levam-nos a mergulhar na nossa imaginação de forma bastante real, pois descreve bastante bem as indumentárias usadas na época, tanto como os penteados e os modos que se devia usar em cada situação social. Uma das descrições que mais gostei foi a de uma viagem que a personagem principal faz. Na época retratada não existiam estradas como hoje, nem carros como os que estamos habituados, pelo que toda a viagem nos é referida de modo diferente do habitual o que me fez pensar em como seria viajar naquele tempo. Seria duro, por vezes, mas decerto muito bonito pois viajava-se bastante perto da natureza e, assim, de alguns dos mais belos locais do nosso país (ainda não tão industrializado nem urbanizado como hoje claro).

O livro fala-nos, especialmente, de Joana e de Santiago. Estes são “negociados” pelos seus pais, pelo que se vão casar sem se conhecerem previamente. O desenrolar de todo o relacionamento entre eles faz-nos sonhar e sorrir por ser tão rebelde para a altura. É até romântico ver como o amor vai surgindo e como as mentalidades vão mudando na geração dos personagens principais, em comparação com seus pais.

O meu personagem preferido é Santiago, não apenas pela fantástica compleição física descrita, mas sim pela sua rebeldia, pela sua determinação, simplicidade e demonstrações afectivas. Não é, de todo, o “príncipe encantado” certinho e foi isso que me fascinou nele.
A Joana agradou-me bastante no sentido em que, tentando sempre manter a postura, conforme a sua educação lhe manda, vai deixando ver as suas ideias, os seus sentimentos e aquilo que verdadeiramente quer.
Todos os outros personagens têm alguma relevância para todo o enredo, não sendo possível não dar importância a algum deles.

O que gostei menos, mas por ser realmente um modo de leitura que me enfada, foram as cartas que surgem durante o livro. É giro ver como se percebem detalhes importantes para o enredo quando as lemos, e a sua importância. No entanto, ler em carta, como em diário, não é de todo o que mais gosto, por vezes acabo por me desinteressar.

O final do livro é emocionante e bastante romântico, quase ao estilo “Amor e uma cabana”.

Um livro que recomendo pela leveza da sua leitura, do romance que nos faz querer sentir  e que nos faz sonhar quando o pousamos para dormir.

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