segunda-feira, 16 de julho de 2012

[Opinião] - "A casa dos Sonhos" de Liz Fenwick




"Logo de seguida Hannah mordeu o lábio. Já não tinha idade para aquelas estupidas superstições infantis, pois não? Mas eram uma das coisas que o pai lhe ensinara havia muito tempo, antes da madrasta ter aparecido. Aproximou-se da janela para ver melhor as penas negras e brilhantes. O pássaro inclinou a cabeça e olhou para ela antes de levantar voo."






Li este livro o mês passado, e foi um livro no qual tive alguma dificuldade em entrar.

Inicialmente o livro não me cativou. Parecia-me algo superficial e sem grande enredo, uma mulher que se muda com a enteada para uma casa para começar uma nova vida.

Nessa altura, as descrições maravilhavam-me, e eu não sou muito dada a descrições, no entanto conseguiam transmitir exactamente a natureza dos locais referidos, quase como se estivesse ali. E faziam querer estar e querer ver e sentir aquela natureza.

A história passa-se na Cornualha, para onde Maddie se muda com Hannah, a sua enteada, depois do pai desta falecer. A autora tem uma escrita rica em descrições, o que enche o livro e lhe concede um toque de magia para quem o está a ler.

Depois de, talvez, metade do livro comecei a sentir a profundidade que ele enverga. Hannah, uma adolescente revoltada pelo abandono da mãe, e agora, pela morte do pai. Uma mulher condoída e magoada com a morte do seu companheiro, e a braços com uma "filha", que a ele prometeu proteger. Mas no fundo, este livro é ainda mais que isso, é perceber as mudanças que se seguem quando a morte nos bate à porta, os dias dificeis que se avizinham, os temperamentos que chocam, as culpas que nos consomem. É perceber a necessidade que temos dos outros, e a necessidade de estar só. É comovente perceber, ao longo do livro, que por vezes os sentimentos estão tão recalcados e tão escondidos,que tanto nos fazem afastar toda a gente, como nos fazem perceber o quanto precisamos e amamos os que estão mais próximos.

Diversos personagens passam por uma evolução marcada ao longo do livro, especialmente Hannah, Maddie e Mark Trigss.

Para além disso, Maddie está envolta em mistério, sobre algo que o marido lhe pediu antes de morrer. E isso é algo que nos prende ao livro, queremos saber o que tanto a aflige, e passa-nos várias ideias pela cabeça, até ao desvendar do segredo.

Posso dizer que gostei do livro no geral, é envolvente e comovente, e o fim é bastante interessante.

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