domingo, 5 de agosto de 2012

[À Lareira Com] - Rute Canhoto







À Lareira Com...Rute Canhoto, autora do livro "Almira, a moura encantada".


Fale-nos um pouco sobre si.
Em termos resumidos, comecei a escrever histórias assim que aprendi a juntar as letras. Houve uma altura em que perdi um pouco interesse, mas perto dos 20 anos a vontade de criar algo voltou em força. Além de escrever, adoro ler: devoro livros! Essa é uma das razões para ter um blogue dedicado à literatura. E também gosto bastante de ir ao cinema!

Qual a memória mais antiga que tem relacionada com a escrita?
Lembro-me que as primeiras coisas que escrevi foram letras para músicas (risos). Quando era criança, estavam na berra os “Onda Choc” e os “Star Kids”. Quem não queria ser cantor? Então eu e uns amigos criámos um grupo, peguei em músicas conhecidas e mudei-lhes as letras. Escusado será dizer que nunca cantámos senão num terreno baldio, a que chamávamos “Quintalão”, onde ninguém nos ouvia. Em termos de criação de histórias, a primeira que me lembro de escrever era um conto sobre galinhas, lol!

De que modo o local onde nasceu e viveu a inspira?
Alcácer do Sal, para mim, é uma grande fonte de inspiração, tanto pelas suas paisagens como pela sua História. É recorrente usá-la como pano de fundo nas minhas histórias. É difícil explicar como me sinto ligada a esta terra; digamos que é onde estão as minhas raízes. Atualmente não vivo aí, e foi a decisão mais penosa que tive de tomar. Espero lá voltar a morar quando for mais velha. Até lá, vou-lhe prestando homenagem nos meus livros e fazendo o possível para a levar mais longe.

Em criança escreveu alguns contos. Lembra-se de algum em especial que queira partilhar connosco?
O da galinha! Lol! Era uma história em que existiam três galinhas: uma que punha ovos de prata, outra punha de ouro, e outra ainda punha ovos normais, mas perfeitinhos. Houve então um concurso e ganhou a última, para surpresa do menino que tinha concorrido com essa e não com a sua dos ovos de ouro, que tinha sido roubada por ladrões. A lição de moral fica a vosso cuidado deslindar.

De que modo o curso em Comunicação Social influencia a sua escrita?
Sinceramente, não creio que influencie em muito. Talvez apenas na escrita de cenas mais objetivas. O que realmente influencia a minha escrita são as minhas leituras – é por isso que tento ler tanto quanto posso.

Começou a escrever o livro “Anjo Decadente” que foi depois colocado na prateleira. Porque “desistiu” de o publicar e tenciona voltar a pegar nele?
Não tenho intenção de voltar a pegar nessa história. “Anjo Decadente” foi uma tentativa frustrada de começar uma biografia, que logo se converteu numa narrativa fictícia. Não está bem construído, não tem um fio que conduza a um fim específico e definido… Carece de muito trabalho. Enfim, todos temos de começar por algum lado, certo? No entanto, há uma parte dessa história de que gosto, por isso vou reciclá-la e utilizá-la noutro romance histórico que tenho na gaveta para retomar mais tarde. O resto vai mesmo ficar na prateleira, como uma piada privada.

O seu primeiro livro publicado foi “Almira, a Moura Encantada”. Como surgiu a ideia para este livro e como foi todo o caminho até o ter na sua mão, pela Corpos Editora?
A ideia para este livro tem precisamente a ver com a ligação que sinto com Alcácer do Sal. Quis que a primeira coisa escrita por mim “a sério” fosse algo relacionado com esta terra. Então arrisquei uma recriação da lenda da moura encantada do castelo, cujas juras de amor trocadas com o seu amado ainda hoje se podem ouvir nas noites quentes de agosto. Depois de ter a narrativa pronta, mandei uma cópia para várias editoras, uma dela a Corpos. A resposta afirmativa chegou dias depois, com o senão inerente às pequenas editoras – a compra de um certo número de exemplares. Esta questão foi resolvida com o apoio da Câmara Municipal de Alcácer, que os adquiriu em meu nome, e por isso lhes estou agradecida. O que se seguiu foi um trabalho intenso de divulgação da minha parte, passando pelo envio de notas de imprensa, dar entrevistas, fazer o livro chegar a FNAC’s… O livro valeu-me em 2009 a atribuição da distinção de Jovem Empreendedor pelo Município de Alcácer, facto de que me orgulho bastante.

Depois disso publicou “Clara e o Natal”. Como foi escrever um livro para um público mais infantil?
Embora já tivesse feito histórias para crianças, foi uma transição com a qual tive de ter algum cuidado, nomeadamente a nível da linguagem. As crianças têm de perceber o que lhes é dito! Mas foi giro criar uma história de Natal, com duendes, presentes, neve, magia e o Pai Natal.

Agora está dedicada ao seu novo projeto, a saga Perdidos, que conta com um livro já terminado. O que nos pode desvendar sobre essa saga e, claro, sobre este primeiro livro?
A saga vai contar com três livros, inseridos na categoria de romance sobrenatural, se bem que o segundo volume (em que estou a trabalhar agora) terá mais ação para manter as coisas interessantes.
Quanto ao primeiro livro, tem o mesmo título que a série – “Perdidos”. Nele, o cosmos de Marina está completamente virado do avesso com uma série de inexplicáveis acidentes que parecem pretender colocar um ponto final na sua existência. A busca por respostas quanto ao que se está a passar levará o seu caminho a cruzar-se com o de Lucas, o misterioso rapaz que se juntou à turma dela naquele ano letivo. O que ela vai encontrar é uma revelação inesperada, que dará a conhecer ao mundo os Perdidos.
Neste momento, o livro está a ser corrigido por uma professora de Português. Se tudo correr bem, em setembro estará disponível para todos os interessados.

Numa palavra, o que a escrita significa para si?
Vida. Principalmente nesta fase complicada por que estou a passar. Estou desempregada desde novembro de 2010. Se não fosse a escrita, já teria dado em doida em casa!

Para terminar, deixe uma mensagem aos nossos leitores J
Obrigado a todos os que tiveram paciência para lerem esta entrevista até ao fim, lol! Um agradecimento especial a todos os que leram o que escrevi ou que tencionam vir a fazê-lo ;-)

Obrigada, Rute Canhoto

2 comentários:

  1. Sigo o blog da Rute Canhoto há já algum tempo, mas é curioso que nesta entrevista tenha ficado a saber ainda mais sobre os projectos dela.
    Boa sorte com os próximos livros!

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