quarta-feira, 15 de agosto de 2012

[Opiniões Tertulianas] - "O Despertar do Adormecido" de Alistair Morgan




" Gostei de ler este livro e envolver-me na vida das suas personagens, tentando muitas vezes compreender como um acontecimento tão dramático e traumático pode alterar, não só a vida de alguém como o seu comportamento. É através da perspectiva de John que acompanhamos este tema e o seu desenrolar." in Refúgio dos Livros








Um livro que me deixou assim... introspectiva.

A perda de alguém que amamos é sempre irremediavelmente avassaladora...

Este livro conta-nos a história de John, que perde a mulher (vindo a saber mais tarde que estava grávida) e a filha num acidente de viação no qual era ele o condutor do veículo. Quando John acorda não se recorda de nada.É a sua irmã, Rebeca, com a qual mantinha uma relação de distância, que o vem ajudar na sua convalescência.
Rebeca é quem lhe transmite os pormenores do acidente e lhe revela que Deborah estava grávida. Antes de partir, convence John a ir passar uns tempos ao chalé do marido dela em Nature’s Valley na costa sul-africana.

John acaba por conhecer uma estranha família composta por Roelf e os seus filhos, Jackie e Simon. Uma família também atingida por uma tragédia e a tentar tal como John recuperar da mesma e fazer as suas vidas seguirem em frente.

Há um parágrafo  neste livro que me impressionou em particular por nos remeter para a aceitação dum sentimento à partida negativo mas no entanto tremendamente natural no ser humano, o “egoísmo” na perda:
“Também começo a dar-me conta que uma proporção alarmante do meu desgosto e da minha tristeza têm que ver comigo, e não com a perda da minha mulher ou da minha filha, mas com a perda do meu estilo de vida. Por muito desconfortável que esta constatação me faça sentir, não posso deixar de concordar com os filósofos que afirmam que o amor é a mais egoísta das emoções. Sei-o porque, depois do desaparecimento de duas pessoas que amava, não choro o fim das suas vidas, mas o facto de ter de viver a minha vida sem elas. É um lugar comum afirmar que só amamos outras pessoas para servir as nossas necessidades. Podemos oferecer partes de nós mesmos em contrapartida, mas no que diz respeito à morte deles e à nossa sobrevivência a dor que sentimos pouco tem a ver com a sua morte.”
Pág. 81/82

É este parágrafo que retenho vivamente na memória e que quanto a mim leva este livro a dar um salto qualitativo de extrema grandeza.

No entanto não posso deixar de referir que achei o final demasiado repentino e inacabado, creio que houve da parte do autor alguma pressa em finalizar a história, que poderia ter sido mais desenvolvida, deixando-nos com algumas interrogações e dúvidas por esclarecer.
À parte disso, considero ser um livro excelente e muito bem escrito, que nos leva a questionar sentimentos que julgamos serem inabaláveis.

Aconselho sem reservas esta leitura perturbante, dramática e reveladora.

Teresa Carvalho

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