À Lareira com...Samuel Pimenta, autor de "O Escolhido".
Fale-nos um pouco
sobre si
Chamo-me
Samuel Pimenta, tenho 22 anos e nasci em Alcanhões, uma pequena vila
ribatejana, no Concelho de Santarém. Actualmente, estou em Lisboa, onde me
licenciei e onde trabalho. É também uma das cidades que mais me encanta.
Formei-me em Ciências da Comunicação em 2011, pela Universidade Nova de Lisboa.
Considero-me uma pessoa normal. Sou feliz sendo quem sou e fazendo o que faço. E
é a escrever que me sinto eu.
Começou a escrever
prosa aos 10 anos. Qual a memória mais antiga que tem com a escrita?
Comecei
a escrever com a consciência de que queria ser escritor com 10 anos. Lembro-me
de estar deitado sobre a cama a escrever o meu primeiro conto, “A Casa
Assombrada”, uma história que unia terror e fantasia. Sempre fui muito
imaginativo… Consegui escrever duas páginas. Assim que terminei, fui até à
sala, onde tinha a minha mãe e as minhas duas avós. Pus-me de pé sobre o sofá e
li-lhes o conto. Foram as primeiras pessoas a aplaudir a minha escrita.
Escreve diversos
géneros. Tem algum género preferido?
Embora
escrevendo nos três géneros literários, não consigo definir um género como
eleito ou preferido. Quando escrevo no género lírico, é porque o que tenho para
dizer só faz sentido se for escrito em poema. Quando escrevo no género
narrativo, é porque só faz sentido escrever o que tenho para dizer assim. E o
mesmo acontece com o género dramático. Embora, por vezes, tenha vontade de misturar
tudo ou sinta que limitar-me a um género é insuficiente para o que quero dizer.
Mas todos são fabulosos e necessários à sua maneira.
Já recebeu vários
prémios, como por exemplo o VI Prémio Literário Valdeck Almeida de Jesus. Como
se sente em relação a estes prémios?
Em
2010, tive a honra de ver o poema “Auto-Retrato” como um dos seleccionados para
integrar a antologia poética do VI Prémio Literário Valdeck Almeida de Jesus
daquele mesmo ano. Confesso que, embora feliz, encarei tudo com muita
naturalidade. De pés bem assentes na terra, como se costuma dizer. É claro que
foi óptimo ter o reconhecimento dos meus pares no Brasil, mas prefiro focar-me
mais em prosseguir com o meu trabalho e em escrever o que tenho de escrever.
É cronista do site de
informação “Rede Regional”. Quando começou a escrever neste site e como surgiu
a oportunidade?
Comecei
a escrever para o site Rede Regional
em Março deste ano. A oportunidade surgiu a convite por parte da Redacção.
Antes de colaborar com o site Rede
Regional, já tinha integrado um outro projecto online em 2011, a revista Clique, também com crónicas, que
entretanto abandonei.
Em Dezembro de 2009
publicou o livro “O Escolhido” da colecção Heros. O que nos pode dizer sobre
ele?
“O
Escolhido” foi escrito entre os meus 16 e 17 anos, em cerca de oito meses. É o
primeiro volume de uma trilogia do género fantástico que idealizei com 15 anos.
Heros, um rapaz de 18 anos, é a personagem principal. É o único capaz de
destruir e dominar o poder das Seis Chaves de Cristal escondidas nos seis
continentes do planeta, livrando-as das mãos de Morfus, que anseia conquistar o
mundo. A trilogia assenta na busca pelas chaves e passa-se entre a Terra e o
Mundo Incantatus.
Este
primeiro volume acaba por ser a materialização de todo um imaginário que sempre
habitou a minha cabeça. Como disse, sempre fui muito fantasioso.
O livro já não está à
venda. Pode dizer-nos porquê?
De
facto, o livro foi retirado do mercado. Em Junho deste ano rescindi com a
Planeta Editora, por minha iniciativa, dado ao incumprimento de algumas
cláusulas do contrato por parte da Planeta.
Como se sente com
este “insucesso”? Isso fê-lo mudar em algo relativamente à sua escrita?
Não
encaro tanto como um insucesso, mas sim como uma aprendizagem. Tenho aprendido
muito desde que me tornei num autor editado. Aprendo todos os dias! Confesso
que, inicialmente e em alguns momentos, foi uma situação menos fácil de gerir.
Mas já está tudo bem.
O
ter rescindido contrato com a Planeta Editora fez-me reflectir sobre o meu
propósito enquanto escritor. Decidi afastar-me do género fantástico por tempo
indeterminado. O último volume da trilogia está a meio e, certamente,
conseguiria uma editora para publicar os livros. Contudo, sentia-me esgotado.
Com as personagens, a história, o género em si. Estava desde os 15 anos a
trabalhar nesta história e agora com 22… Decidi parar e dedicar-me a outros
projectos que, em paralelo, fui sempre desenvolvendo. Falo de poesia, mas
também de romances e contos.
O que pensa que é o
mais difícil e menos gratificante em escrever e publicar um livro?
Para
mim, escrever não é difícil. Se fosse difícil não escreveria. A vida obriga-me
a escrever, faço-o naturalmente, vivo para isso. Difícil é viver a vida humana
face à vida dos livros. Confesso que, por vezes, sinto que pertencer à vida
quotidiana normalizada é uma batalha árdua. Mas não quero vaguear…
Quanto
à publicação, começam aí os obstáculos. Aquilo que dizia de sentir que, por
vezes, me é fatigante esforçar-me para estar integrado na vida quotidiana…
procurar uma editora que aposte no nosso trabalho insere-se aí. Por norma, sou
muito positivo e batalhador, mas também tenho os meus dias…
Prefiro
focar-me no que me é fácil e gratificante. É fabuloso estar com as pessoas que,
por amor às palavras, acabam por se cruzar. Falo dos leitores. Mas também de
outros escritores e poetas.
Que projectos
profissionais tem agora em mãos?
Terminei
esta semana um conto com o qual estive a trabalhar durante todo o mês de
Setembro. Mas como faz parte de um projecto que ainda está em curso, não me
quero alongar sobre ele. Entretanto, escrevi dois livros de poesia, que acabei
por arrumar “na gaveta”; ainda não estou à procura de editora. Estou também a
trabalhar num romance, faço publicações regulares no meu blogue pessoal e, como
já tinha referido, tenho as crónicas para o site de informação “Rede Regional”.
Além disso, desde Junho, organizo quinzenalmente tertúlias literárias no Zazou
– Bazar & Café, junto à Igreja de Santo António, em Lisboa. Cada vez mais,
é um espaço de encontro, partilha de textos e de conversa. Tem sido muito
gratificante.
Quando pensa no
futuro, como gostava de se ver daqui a 10 anos?
Com
livros editados a circular no mercado e abrangendo um maior universo de
leitores, idealmente. Embora procure focar-me no presente, espero que, daqui a
10 anos, continue a ser fiel à minha verdade e que me mantenha tão feliz como
sou hoje. Ou ainda mais.
Para terminar, deixe
uma mensagem aos nossos leitores.
Aos
leitores aqui do blogue, agradeço, antes de mais, a atenção com que, até agora,
leram esta entrevista. Convido-vos a visitarem o meu blogue ou a passarem numa
das tertúlias do Zazou. A Literatura serve para que nós, humanos, possamos
interagir uns com os outros, para que possamos criar discursos que nos levem ao
encontro uns dos outros. Por isso faço este convite. Apareçam e sintam-se à
vontade.
Agradeço
o convite para esta entrevista, Margarida Rodrigues, e saúdo o bom trabalho do
blogue.
Para
terminar, e como última mensagem, lembrem-se que o impossível é o querer que o
define. Por isso, sejam criativos.
Um
enorme bem-haja a todos vós. Muito obrigado.
Obrigada Samuel
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