À Lareira com....Ana Crisóstomo, autora do livro "A Feiticeira da Mente"
Fale-nos um pouco mais sobre si.
Bem, não há assim muita
coisa para falar. Chamo-me Ana Crisóstomo, tenho 21 anos e sou estudante
universitária, tal como muitos outros portugueses. Desde sempre gostei de
várias áreas diferentes mas acabei por optar pela área de saúde. Aprecio
bastante cinema, um bom livro, passeios , música, quando o tempo o permite.
Enfim uma série de coisas que, se calhar, muitas outras pessoas também
apreciam.
Com
que idade começou a escrever? E porquê?
Escrever no sentido de
obter um livro como objecto final, só mesmo aos 18 anos. Antes disso escrevia
na escola, em blogues e, ás vezes, pequenas coisas, apenas para mim. E, como
algumas raparigas, tive um diário que durou até aos meus 13 anos, acho. Era
naturalmente mais dada a números e ciências do que a letras. Irónico, talvez.
Qual
é a sua memória mais antiga relacionada com a escrita?
Sinceramente, não tenho
nenhuma memória em particular, pelo menos fora do contexto escolar. Lembro-me
de um concurso de escrita criativa de quando eu tinha 13 anos, ou por volta
disso. Raramente participava e, como foi dos poucos em que participei,
marcou-me apesar de só ter recebido um prémio de participação. Foi uma
experiência engraçada em que tivemos de ler um livro previamente, o
«Espanta-Pardais» de Maria Rosa Colaço e, posteriormente, escrever uma história
alternativa a partir dali. Valeu pela experiência.
Actualmente
estuda Medicina. Tenciona conjugar os dois aspectos: medicina e a escrita?
Conjugar, no sentido de
ambos terem o mesmo peso, sei que provavelmente não. Cada vez mais me vejo com
menos tempo livre e nem sempre dá para se tentar escrever alguma coisa,
principalmente quando a concorrência é enorme e o retorno mínimo. Temos de
fazer escolhas, mas talvez mantenha a escrita como um passatempo e continue a
libertar algumas frases de vez em quando. Escrever outro livro acho difícil.
Como
surgiu a ideia e a oportunidade de escrever “A Feiticeira da Mente”?
A ideia central não sei
bem como surgiu. Acho que foram surgindo algumas ideias soltas que depois se
foram conjugando. Mas, basicamente, a oportunidade de escrever «A Feiticeira da
Mente» ocorreu no Verão de 2009, quando acabei o secundário e fiquei á espera de
saber em que curso entraria. Andava pela internet, tal como muitos outros
adolescentes, e vi que existia uma editora a receber exemplares para
apreciação. Não se tratava da Chiado, mas decidi que talvez fosse possível
tentar alguma coisa e decidi que estava na altura de passar por escrito as
ideias e criar uma história. E pronto, trabalhei nisso durante alguns meses até
ao produto final que, infelizmente, ainda hoje precisa de alguns retoques
finais.
Como
surgiu a oportunidade de editar pela Chiado?
Foi um mero acaso, na
verdade. Enviei vários emails e exemplares para editoras diferentes, e a Chiado
acabou por ser das primeiras a responder. Basicamente pesquisava editoras na
internet, contactos e tentava saber se estariam a receber ou não exemplares
para apreciação. Foi mais ou menos assim.
Porque
o género Fantástico?
Sempre foi um género
que me atraiu desde miúda. Cresci com os livros da J.K Rowling e talvez por
isso me tenha sentido tentada a escrever algo nessa área. Para além de que é
sempre um género que nos dá grande liberdade de inventar e conceber novos
conceitos com muito menos restrições. Tudo se torna possível.
Um
aspecto que me deixou curiosa: porquê a diferença de idades entre Ana e
Vicktor?
Tem piada que essa
pergunta é mais frequente do que eu esperaria aquando desta opção. Afinal, a
diferença de idades entre eles não é assim tão grande (cerca de 3 anos). Pelo
menos, inicialmente, achei que a diferença de idades se justificaria, dada a
necessidade que tive de dar alguma maturidade á personagem principal, superior
á sua idade real, devido a várias circunstâncias que lhe tinham ocorrido
durante a infância e adolescencia. Foi um pouco por aí. Para além de que é
natural nestas idades raparigas mais novas apaixonarem-se por rapazes com mais
2 ou 3 anos.
O
livro teve um final agridoce, muito inesperado e que foge aos típicos clichés.
Podemos esperar um segundo volume?
A resposta a essa
pergunta tem variado bastante ao longo do tempo. Já pensei nisso algumas vezes,
cheguei mesmo a colocar algumas hipóteses para começar. Mas, a verdade, é que o
tempo é cada vez menos e ainda não tive a disponibilidade e inspiração
suficientes para tal. Pode vir a acontecer, ou não.
Posso admitir que o fim
foi das coisas que mais me agradou escrever, apesar do desfecho diferente e
menos agradável para a maioria.
Pode
contar-nos algumas das suas referências literárias (autores/géneros…)?
Sim, posso. Não posso
negar que cresci com a saga Harry
Potter da J.K Rowling e que, desde cedo, me fascinei pelo fantástico a partir
desses livros. Mas, para além desses, sou uma apreciadora dos livros de José
Rodrigues dos Santos. Confesso que ainda não espreitei o novo livro dele, coisa
que pretendo fazer brevemente se tiver tempo.
Numa
só palavra, o que a escrita significa para si?
Liberdade. Liberdade de
ideias, pensamentos. Um meio para me evadir da vida quotidiana, seja a
escrever, seja mesmo a ler.
Tem
algum projecto literário em mente do qual nos possa falar?
Por agora, ainda não. Estou
ainda a pensar se sigo com mais uma sequela de Ana Vichenstein, mas ainda não
tenho nada definido a curto prazo. Talvez daqui a alguns meses.
Para
finalizar, deixe uma mensagem para os leitores e para escritores que estejam
agora a começar.
Gostava de ser
optimista para todos, mas a realidade do país e do mundo é outra bastante
diferente. Costumo dizer que se querem mesmo alguma coisa, seja na escrita ou
noutro meio, trabalhem e lutem por isso. Não esperem facilidades, mas não
desistam e não tenham ilusões sobre nada. Viver um dia de cada vez e aproveitar
para tirar aspectos positivos de cada derrota que se tem é o melhor a fazer.
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