sexta-feira, 16 de novembro de 2012

[Rimas e Poesia] - "Alma Doente" de Casimiro Teixeira






Alma Doente



Tenho sonhos doentes, que só a alma sente,
anseios pisados, que por serem meus, assim os aturo.
A medo avanço com o passos virados ao futuro,
ainda mal refeito de saudades do presente.

E o mistério que me enfeita?
Sei lá eu de que mistérios se faz a gente.
Do que conheço de mim, uma nesga se aproveita.
O resto entrego-o ao que a vossa alma sente.

Dai-me pois o vosso olhar atento,
que nas veias do que escrevo ali está a minha afronta.
Mas se me pedirdes que minta, isso, eu não intento,
pois de tristes fados já tenho mais que a minha conta.

Cismo, já farto de velar minha alma doente,
e que ideia fareis vós de quem assim se lamenta?
Talvez o mistério seja maior para quem mente,
do que pra quem nem sequer o tenta.

E quem me ajuda neste anseio que me consome o dia?
Que raio de troca é esta que não me traz vista de cura?
Eu escrevo e em vós pressinto monotonia,
e o terror do desaire, esse, perdura!

Deixem-me os sonhos ao menos, que mais não vos peço.
prisioneiro desta maleita, daqui, já não escapo com vida.
e se assim tiver de ser, será porque o mereço,
pois a doentes só a desgraça lhes é consentida.

Casimiro Teixeira

Sem comentários:

Enviar um comentário