domingo, 9 de junho de 2013

[À Lareira Com...] - Elizabete Cruz (Face Negra)


Publiquei a primeira entrevista à autora em Setembro de 2012 (podem ver aqui). No entanto, a nossa Elizabete está prestes a lançar o seu novo livro, "Face Negra", pelo que decidi fazer-lhe mais umas perguntas.

À Lareira Com... Elizabete Cruz, sobre o seu novo livro, Face Negra.



Estás prestes a lançar o teu 3º livro, “Face Negra”. Quando e como surgiu a inspiração para o seu enredo?

As ideias para este “Face Negra” começaram a surgir quando ainda estava a escrever o “O Homem que Amava Demais”. Na realidade é algo que me acontece muito, estou a escrever uma coisa e de repente começam a surgir ideias que já não posso inserir naquela história, então começo a formular outra. Naquela altura não passou de algumas ideias, principalmente sobre a Daniela, e a partir dela começaram a formar-se todas as personagens e todo o enredo. O resto da história foi-se encaixando aos poucos e a inspiração para ela foi surgindo especialmente em pessoas que via. Costumo, na altura de constituir uma personagem, dar-lhe uma cara e depois pensar “esta pessoa tem cara de quem faria o quê?”. Normalmente a partir daí começam a saltar ideias, e foi o que aconteceu com este livro.

O que nos podes contar mais acerca deste livro?
Depois da carnificina que foi o “O Homem que Amava Demais” resolvi aceder aos pedidos do povo e escrever uma história de amor. Mas em tudo o que escrevo, nunca uma história de amor poderá ser o centro da trama, porque eu sou péssima a descrever momentos românticos. Por isso precisei de uma personagem que desse azo a outras histórias, e essa personagem foi a Daniela: uma estudante de medicina, stripper nas horas vagas, que adora meter-se em confusões. Foi uma personagem muito difícil de caracterizar, já que precisei de pensar como se fosse alguém insensível e que faz tudo para ter o que quer. No entanto, foi até hoje a personagem que mais gosto me deu criar, apesar de ela ser em muita coisa parecida com a Marta, do livro “Espelho Indesejado”. São as duas estudantes de medicina e muito determinadas, mas no entanto Daniela leva vantagem no que toca aos níveis de maldade e egoísmo.
À volta da Daniela estão o Dyre e o Marco. O Dyre é um estudante norueguês que está em Portugal a fazer Erasmus e que já conhecia a Daniela de outros tempos. Ele podia ser o rapaz que qualquer rapariga gostaria de namorar, mas ele escolheu a pior para namorada e vai sofrer na pele as consequências disso. Já Marco é um mulherengo que tem traços idênticos ao de Barney Stinson (personagem de How I Met your Mother), embora não seja uma cópia. Ele não existia no plano inicial do livro, mas acabou por ser indispensável. Arrisco-me a dizer que vai ser a personagem preferida de muita gente, já que para além de trazer bom humor à história, ele é a única pessoa que consegue domar Daniela. Não foi fácil incutir-lhe uma personalidade bem-disposta e divertida sem que o fizesse cair no ridículo, mas penso que ele é equilibrado o suficiente.
O enredo gira em volta de Daniela, das suas mudanças de personalidade, daquilo que a move e das pessoas que ela ama. Provavelmente vão sentir uma raiva enorme dela, foi para isso que ela foi criada, mas espero que em alguns momentos também sintam algum carinho. Quis que ela fosse uma espécie de vilã adorada, uma mulher que não tem medo de meter mãos à massa e fazer o que tem de ser feito.

Será publicado como Edição de Autor. Podes-nos contar como o porquê te decidiste a publicá-lo assim?
Infelizmente, é difícil para um autor português conseguir publicar por uma editora de renome, e mesmo que o consiga por vezes isso não significa leitores. Eu nem sequer fui uma dessas autoras que conseguiu uma dessas editoras, sempre vi os meus livros editados por editoras pequeninas. Não é de espantar que no final o trabalho tenha ficado todo para mim, especialmente com o segundo livro, o que me fez perceber que se calhar não era vantajoso usar uma editora só para dizer que alguém publicou o meu livro. Afinal, essas editoras publicam tudo o que lhes passa nas mãos, só que a brincadeira fica mais cara para o autor. Por considerar que teria alguma facilidade na divulgação e por saber que tenho muitas pessoas que me podem ajudar, decidi enveredar pelo caminho da auto-publicação. Assim, para além de ficar com tudo ao meu gosto, tenho quase o mesmo trabalho e posso fazer preços muito mais baixos de venda, lucrando o mesmo com isso. Claro que há coisas que exigem mais trabalho, como a capa, as formatações, mas quando tudo isso estiver pronto foi ter um livro que é mesmo todo meu e com o qual eu posso fazer o que quiser.

A capa está bastante bem conseguida. Queres falar-nos um bocadinho sobre a sua criação?
Eu simplesmente amo a capa, dos três livros acho que é a mais bem conseguida. Foi criada pela Raquel Leite e é impressionante como ela captou exactamente aquilo que eu queria. Ela foi incansável, ouviu tudo o que lhe disse e fez uns quantos esquemas de capas para que eu escolhesse. Desta capa eu escolhi apenas a maquete, ela é que fez o resto, e ficou fantástica. Tem um tom sensual, mas ao mesmo tempo um toque de agressividade, tal como a personagem principal. Tenho a certeza que em trabalhos futuros continuarei a pedir ajuda à Raquel!

Sendo já o 3º livro, e já tendo alguns fãs, quais as expectativas que tens em relação a este Face Negra?
Sinceramente, pus muito de mim neste livro. Ao contrário do anterior, em que eu tinha a certeza que havia pessoas que iam adorar e outras que iam odiar, neste acredito que exista um meio-termo. Pessoalmente, foi o livro que mais me apaixonou, e espero que isso passe para os leitores. Claro que provavelmente haverá coisas a serem aprimoradas, não posso dizer que ele seja perfeito, mas esforcei-me ao máximo. Acredito que cada um dos leitores se irá sentir identificado ou com a Daniela, ou com o Marco, ou com o Dyre, por serem os três tão diferentes.  Espero que a história seja à medida de quem lê, que suscite sentimentos e não se torne enfadonha. Se conseguir isto, já sou feliz!

Publicaste o teu primeiro livro, Espelho Indesejado, em 2010. Como te sentes, enquanto escritora, após estes 3 anos?
Muita coisa mudou entretanto. Quando editei o meu primeiro livro tinha dezoito anos, não posso dizer que tivesse muita experiência de vida. Escrevi lá coisas que hoje me fazem rir, tal era a minha inocência e falta de noção. Depois de três anos na faculdade, que me fez obter conhecimentos acerca de várias coisas, amadureci como pessoa e, claro, como escritora. A forma de escrever mudou bastante e a forma como crio as personagens também. Cada vez mais tento que elas sejam reais, que ajam como alguém que podia ser meu amigo. Claro que os meus quase vinte e anos ainda não são nada, e com a idade muita coisa voltará a mudar, mas sinto-me feliz por pelo menos ter chegado a este patamar e gostar do que faço.

De que modo a escrita mudou a tua vida?
Bem, não me tornei numa estrela. Eu própria não gosto muito de me gabar do que faço, escrevo porque sinto necessidade de extravasar todas as personagens que me moem o juízo, não para ficar conhecida. Por acaso, sei que quando fazem peças de teatro sobre a minha freguesia falam sempre no meu nome, e eu acho isso mesmo querido da parte de quem escreve essas peças. É uma espécie de gratificação, já que apesar de a maioria das pessoas nem saberem se eu sou gorda ou magra, reconhecem o meu nome. Tirando isso, e de saber que as pessoas na minha faculdade saberem quem eu sou e o que faço, não notei grandes diferenças na minha vida. Tirando, claro, que os meus amigos pedem-me para corrigir trabalhos da faculdade, e escrever introduções e conclusões. Nem tudo podem ser coisas boas, não é verdade?

Após a publicação deste livro, já tens ideias para novos projectos literários?
Tal como disse, normalmente as ideias para novos livros surgem quando acabo os anteriores, por isso sim, já tenho algo a ferver na minha cabeça. Ainda está muito verdinho, mas já lhe vejo pernas para andar. Prometi que me ia estrear no fantástico (depois de dois romances e um thriller, achei interessante experimentar) por isso estou a formular uma história. Já defini quem serão as personagens principais e qual será o seu papel na história, agora é só evoluir. Estou a tentar ao máximo que seja algo que fuja das mais recentes modas de vampiros, lobisomens e anjos, o que poderá dar trabalho já que o fantástico é um género que anda a ficar gasto. Esperemos que eu consiga pensar em algo inovador

O teu blog, A Wonderful World, tem tido algum sucesso. O que é que julgas ser mais gratificante neste mundo da blogosfera?
Para mim, como autora, foi uma mais – valia. Para além de me poder auto - promover, não só no meu blog mas também no blog de pessoas que me conhecem e que me são muito queridas, todas essas pessoas conseguiram dar uma ajuda neste livro. Não é fácil escrever sabendo que à nossa frente existe um buraco negro. Ter alguém que me diz “quando acabares vou publicar no meu blog”, ou “quero uma entrevista sobre esse livro!” é um verdadeiro estímulo, porque sei que não estou sozinha em tudo isto. A Juliana e a Catarina são leitoras beta, a Ivonne está a ajudar-me imenso nas formatações e afins, a Soraia até diz que me vai tentar arranjar uma apresentação na terra dela. Tirando a Juliana, todas estas pessoas eu conheci graças à blogosfera, e elas, bem como todas as outras, são a maior dádiva deste mundo.

Para terminar, deixa uma mensagem para todos aqueles que são teus fã.
Bem, antes de mais tenho de agradecer a quem me lê. É fantástico saber que alguém aguarda que algo novo meu saía, e isso ainda dá mais vontade de trabalhar. Espero realmente que o “Face Negra” corresponda às vossas expectativas e que vejam nele alguma evolução no meu trabalho. E claro, continuem a fazer-me feliz, mostrando-me que estão aí.

2 comentários:

  1. Go girl! (^^,) mal posso esperar para ler o Face Negra *.* Adoro a capa (Parabéns Raquel tens um talento e tanto) e sim, no que depender de mim na biblioteca ou quem sabe num barzinho do centro histórico hei de arranjar uma apresentação aqui na cidade berço! A teu encargo, Elizabete, fica a camioneta para trazeres resmas de fãs da Invicta À Cidade Berço!
    Todo o sucesso do mundo! Beijinho

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  2. Uma entrevista muito bem conseguida, Ni e Elizabete :) óptimas perguntas, respostas brilhantes. Parabéns!!

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