segunda-feira, 15 de julho de 2013

[Opinião] - "Menina Rica, Menina Pobre" de Joanna Rees



"Solya deu um estalido com a lingua e voltou-se para Sebastian. Dois narizinhos húmidos erguiam-se, quais botões de rosa, das mantinhas verde e amarela que Martina tricotara tantos anos antes.

- Então, qual delas vai ser? - indagou Solya na sua pronúncia berlinense. A leveza do seu tom conferia à cena uma nota jocosa. - Porque, de facto, ambas são suficientemente pequenas para o fim pretendido. Escolha você. - disse ele, olhando directamente para Sebastian. Retirou em seguida uma moeda do bolso e atirou-a ao ar, apanhando-a e pressionando-a contra as costas da mão. - Qual destas irmãs irá ter a boa vida? E qual a má?"




Nunca tinha ouvido falar de Joanne Rees, pelo que nunca tinha lido nada da autora. "Menina Rica, Menina Pobre" foi uma revelação que se mostrou bastante agradável.

Neste livro conhecemos Thea e Romy, duas irmãs separadas à nascença pelo mafioso Solya. Assim, Thea é enviada para a América, sendo adoptada por um casal rico, levando uma vida boa, e Romy é levada para Schwedt, para um orfanato, onde passa a pior infância que muitos de nós podem imaginar.
Durante a leitura vamos estando a par do rumo que a vida de ambas as jovens segue, e apercebemo-nos que o dinheiro e o que é "supostamente" uma vida boa, por vezes tem contornos que podem mudar o destino de tal maneira que o mundo se vira de perna para o ar, tornando-se uma vida mais dificil do que se esperaria. Com Romy aprendemos que, mesmo tendo uma vida que nos parece a pior, seguindo os nossos sonhos e lutando por eles conseguimos alcançar algo que nunca se esperaria.

Mas o passado acompanha-nos por toda a nossa vida, e um dia ele surge e mostra-nos aos outros como realmente somos.E é o que acontece no desfecho deste livro...o passado de ambas as jovens volta, e os seus destinos cruzam-se, sendo inevitável o facto de serem irmãs.

A autora tem uma escrita simples e de fácil leitura, faz descrições breves mas que nos ajudam a acompanhar as personagens e os locais de forma bastante acessível. Os capitulos, intercalados ora sobre Thea, ora sobre Romy, estão bastante bem divididos e perceptiveis, não havendo qualquer dificuldade em perceber sobre quem estamos a ler.

O meu único ponto menos positivo, porque nem sequer o considero negativo, é o facto de, ao longo do livro, ambas as irmãs se irem cruzando com pessoas que as conhecem a ambas, elas mesmas se encontrarem, sem nunca saberem o parentesco que as une. A meu ver é demasiado novelesco tanta coincidência, no entanto, não tira qualquer conteúdo positivo ao livro.

Uma leitura que gostei muito ao inicio, gostei medianamente a meio, e gostei bastante novamente no fim. Aconselho.

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