À Lareira com...Bruno Araújo, autor do livro "Cartas que Falam"
- Fala-nos um pouco sobre ti.
Isto faz-me lembrar os Alcoólicos Anónimos lol Aqui vai:
chamo-me Bruno Araújo, tenho 36 anos, natural de Setúbal, solteiro, e não sou
bom rapaz (risos).
- Quando e como surgiu impulso para a escrita?
Houve uma terapeuta que me pediu para escrever uma carta
dirigida aos meus pais, e na altura senti que foi algo tão libertador que tive
a necessidade de deitar “tudo cá para fora”, e assim nasceu o “Cartas que
falam”.
- Em poucas palavras, o que a escrita significa para ti?
É algo único, porque ajuda-te a soltar as tuas emoções,
sejam elas positivas ou negativas. Eu atrevia-me a dizer que é algo similiar a
praticar desporto, porque ajuda-te a abstrair do que se passa à tua volta.
- Publicaste, em 2012, o livro “Cartas que Falam”. Um livro
sobre um tema algo polémico, e com uma componente bastante emocional. Quando e
porquê surgiu a ideia/oportunidade de escrever este livro?
Depois de me ter sido, de forma indirecta, dito que a minha vida
era uma farsa, decidi pôr no papel este livro, não só para me libertar, mas
também para transmitir às pessoas que sofrem dos problemas abordados, a
mensagem de que não estão sozinhas.
- De alguma maneira, escrever “Cartas que falam” foi algo
libertador para ti?
Sim, foi a melhor terapia que tive até hoje, e foi
completamente transformadora para mim, porque a partir do momento em que o
comecei a escrever, todos os medos, pânicos e ansiedades com que vivia,
desapareceram de forma miraculosa.
- Qual a importância que julgas ter a existência de livros
sobre estas temáticas difíceis, polémicas, e poucas vezes abordadas?
Creio ser muito importante, porque ainda vivemos numa
sociedade de muitos tabus, e onde problemas como estes são, muitas vezes, ignorados, porque a maioria das pessoas pensa
que só acontece este tipo de situações aos outros. Fiquei surpreendido pelo
número de pessoas que se identificou com algumas passagens do livro, o que não
deixa de ser preocupante e merecedor de uma reflexão por parte de todos nós.
- Tens algum novo projecto em mãos?O
que nos podes divulgar sobre ele?
Sim, tenho, como já sabes lol Posso adiantar que será um
romance histórico que se desenrolará durante os princípios do século XX, e no
qual serão narrados, em detalhe, acontecimentos como o Regicídio, o 5 de
Outubro de 1910, a intervenção militar portuguesa na 1ª Guerra Mundial, e muito
mais eventos e detalhes da época que são desconhecidos ou pouco falados . Acima
de tudo, quero escrever um livro com bastante conteúdo e qualidade, mesmo que
isso implique uma maior demora na sua publicação.
- Viveste em Espanha durante 4 anos. De que maneira isso te
influenciou enquanto pessoa, profissional da tua área e, claro, enquanto
escritor?
Foi algo enriquecedor a todos os níveis: a nível pessoal,
foi importante porque foi uma experiência onde travei conhecimento com uma
cultura e pessoas diferentes das que estava habituado; a nível profissional,
tive a felicidade e o mérito de trabalhar em grandes empresas mundiais, o que
contribuiu para ter o posto de trabalho que actualmente possuo em Portugal.
Como escritor, permitiu-me ter uma visão mais abrangente do Mundo e ter uma
maior cultura geral, alicerces importantes para alguém que queira seguir uma
carreira literária.
- Em 2010 regressaste à tua terra natal. O que te
fez regressar?
Em primeiro lugar, deixa-me dizer algo que tive a
oportunidade de ver em “directo, ao vivo e a cores” : esta crise actual começou
a ser mais visível em Espanha - os salários naquele país começaram a descer a
um ritmo avassalador, a construção (principal motor da enconomia espanhola nos
últimos anos) abrandou, e o desemprego subiu em flecha. Tive a intuição de que
a hora de regressar tinha voltado, até porque entretanto fiquei desempregado e
não via melhorias no mercado laboral de Espanha.
- Como te sentes ao receber o feedback, por vezes não tanto
positivo, do teu livro?
As pessoas são livres de gostar de coisas diferentes, e vejo
isso com naturalidade. Prefiro concentrar-me nas enormes manifestações de
carinho que tenho tido por parte do público, em que tenho sido bastante
elogiado pela minha determinação, coragem e forma de escrever.
- Para terminar, deixa uma mensagem aos leitores do blog,
alguns deles também leitores do teu livro.
Lanço-lhes o apelo de que continuem a apoiar os autores
portugueses como o têm feito até agora, e que privilegiem mais o que é nosso,
em detrimento do que é estrangeiro. Somos, historicamente, um povo com uma
crónica falta de auto-estima, e está na altura na altura de termos orgulho
naquilo que somos, a começar pela cultura, identidade diferenciadora de
qualquer nação. Por último, em destaque para as minhas ” beta-readers”, e por
ordem alfabética - Elisabete Batista, Ivonne Zuzarte, Margarida Rodrigues –
sim, tu, pá ehehe) e Patrícia Santos – a minha enorme gratidão por aceitarem o
desafio que lhes lancei e a garantia de que escreverei um livro com qualidade,
e do qual elas sintam orgulho em terem
contribuído para o seu processo de feitura. Ah, e por favor, tenham paciência
comigo relativamente ao tempo que ando demorado para vos dar mais páginas para
lerem… Tudo farei para que se sintam compensadas pela demora, através da
qualidade que estou a imprimir à obra ;)
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