domingo, 15 de setembro de 2013

[À Lareira com] - Bruno Araújo


À Lareira com...Bruno Araújo, autor do livro "Cartas que Falam"


- Fala-nos um pouco sobre ti.
Isto faz-me lembrar os Alcoólicos Anónimos lol Aqui vai: chamo-me Bruno Araújo, tenho 36 anos, natural de Setúbal, solteiro, e não sou bom rapaz (risos).

- Quando e como surgiu impulso para a escrita?
Houve uma terapeuta que me pediu para escrever uma carta dirigida aos meus pais, e na altura senti que foi algo tão libertador que tive a necessidade de deitar “tudo cá para fora”, e assim nasceu o “Cartas que falam”.

- Em poucas palavras, o que a escrita significa para ti?
É algo único, porque ajuda-te a soltar as tuas emoções, sejam elas positivas ou negativas. Eu atrevia-me a dizer que é algo similiar a praticar desporto, porque ajuda-te a abstrair do que se passa à tua volta.

- Publicaste, em 2012, o livro “Cartas que Falam”. Um livro sobre um tema algo polémico, e com uma componente bastante emocional. Quando e porquê surgiu a ideia/oportunidade de escrever este livro?
Depois de me ter sido, de forma indirecta, dito que a minha vida era uma farsa, decidi pôr no papel este livro, não só para me libertar, mas também para transmitir às pessoas que sofrem dos problemas abordados, a mensagem de que não estão sozinhas.

- De alguma maneira, escrever “Cartas que falam” foi algo libertador para ti?
Sim, foi a melhor terapia que tive até hoje, e foi completamente transformadora para mim, porque a partir do momento em que o comecei a escrever, todos os medos, pânicos e ansiedades com que vivia, desapareceram de forma miraculosa.

- Qual a importância que julgas ter a existência de livros sobre estas temáticas difíceis, polémicas, e poucas vezes abordadas?
Creio ser muito importante, porque ainda vivemos numa sociedade de muitos tabus, e onde problemas como estes são, muitas vezes,  ignorados, porque a maioria das pessoas pensa que só acontece este tipo de situações aos outros. Fiquei surpreendido pelo número de pessoas que se identificou com algumas passagens do livro, o que não deixa de ser preocupante e merecedor de uma reflexão por parte de todos nós.

- Tens algum novo projecto em mãos?O que nos podes divulgar sobre ele?
Sim, tenho, como já sabes lol Posso adiantar que será um romance histórico que se desenrolará durante os princípios do século XX, e no qual serão narrados, em detalhe, acontecimentos como o Regicídio, o 5 de Outubro de 1910, a intervenção militar portuguesa na 1ª Guerra Mundial, e muito mais eventos e detalhes da época que são desconhecidos ou pouco falados . Acima de tudo, quero escrever um livro com bastante conteúdo e qualidade, mesmo que isso implique uma maior demora na sua publicação. 


- Viveste em Espanha durante 4 anos. De que maneira isso te influenciou enquanto pessoa, profissional da tua área e, claro, enquanto escritor?
Foi algo enriquecedor a todos os níveis: a nível pessoal, foi importante porque foi uma experiência onde travei conhecimento com uma cultura e pessoas diferentes das que estava habituado; a nível profissional, tive a felicidade e o mérito de trabalhar em grandes empresas mundiais, o que contribuiu para ter o posto de trabalho que actualmente possuo em Portugal. Como escritor, permitiu-me ter uma visão mais abrangente do Mundo e ter uma maior cultura geral, alicerces importantes para alguém que queira seguir uma carreira literária.

- Em 2010 regressaste à tua terra natal. O que te fez regressar?
Em primeiro lugar, deixa-me dizer algo que tive a oportunidade de ver em “directo, ao vivo e a cores” : esta crise actual começou a ser mais visível em Espanha - os salários naquele país começaram a descer a um ritmo avassalador, a construção (principal motor da enconomia espanhola nos últimos anos) abrandou, e o desemprego subiu em flecha. Tive a intuição de que a hora de regressar tinha voltado, até porque entretanto fiquei desempregado e não via melhorias no mercado laboral de Espanha. 

- Como te sentes ao receber o feedback, por vezes não tanto positivo, do teu livro?
As pessoas são livres de gostar de coisas diferentes, e vejo isso com naturalidade. Prefiro concentrar-me nas enormes manifestações de carinho que tenho tido por parte do público, em que tenho sido bastante elogiado pela minha determinação, coragem e forma de escrever. 

- Para terminar, deixa uma mensagem aos leitores do blog, alguns deles também leitores do teu livro.
Lanço-lhes o apelo de que continuem a apoiar os autores portugueses como o têm feito até agora, e que privilegiem mais o que é nosso, em detrimento do que é estrangeiro. Somos, historicamente, um povo com uma crónica falta de auto-estima, e está na altura na altura de termos orgulho naquilo que somos, a começar pela cultura, identidade diferenciadora de qualquer nação. Por último, em destaque para as minhas ” beta-readers”, e por ordem alfabética - Elisabete Batista, Ivonne Zuzarte, Margarida Rodrigues – sim, tu, pá ehehe) e Patrícia Santos – a minha enorme gratidão por aceitarem o desafio que lhes lancei e a garantia de que escreverei um livro com qualidade, e do qual elas  sintam orgulho em terem contribuído para o seu processo de feitura. Ah, e por favor, tenham paciência comigo relativamente ao tempo que ando demorado para vos dar mais páginas para lerem… Tudo farei para que se sintam compensadas pela demora, através da qualidade que estou a imprimir à obra ;)  

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