quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

[Opinião] - "O Jogo de Ripper" de Isabel Allende




"Os jovens de Ripper raciocinavam com uma lógica que a máquina podia aumentar de forma inverosímil, mas contavam com algo exclusivo do ser humano, a imaginação. Jogavam com plena liberdade, pelo simples afã de se divertirem, e desse modo acediam a espaços interiores onde, de momento, a inteligência artificial não penetrava"









Isabel Allende, atrevo-me a dizer que é das melhores autoras que tenho lido nos últimos anos. Sou fã desde que li "A Soma dos dias" (cuja opinião podem ler n'O tempo entre os meus livros).

Como muitos de vocês devem saber, e porque já referi em diversas opiniões, sou um pouco avessa a livros com grandes descrições que me fazem perder o fio à meada e ter que reler parágrafos anteriores várias vezes.
Pois é, a escrita de Allende é bastante descritiva, algo que poderia fazer com que eu, pura e simplesmente, me fartasse da leitura. No entanto, isso não acontece. Atrevo-me a dizer que é das poucas autoras com quem me delicio a ler as suas descrições pois estas são fenomenais, levando-nos a viajar no tempo e no espaço do enredo, envolvendo-nos de maneira tão intensa e tão complexa que quase nos sentimos parte do livro, não o querendo largar. Em O Jogo de Ripper é precisamente isto que acontece.

Aqui nesta opinião vou dividir a leitura em duas partes por me fazer mais sentido comentar. A primeira parte do livro, aliás grande parte do mesmo (mais de metade talvez), está cheia de descrições, e é onde conhecemos os personagens. Allende, mais uma vez com a sua escrita inverossímil, dá-nos a conhecer profundamente todos os personagens, não apenas os principais. Esta parte, podendo ser considerada a mais enfadonha, é de extrema importância pois é o que nos dá bases para que conheçamos todos como a nós mesmos o que, no final, fará toda a diferença. A segunda parte centra-se então na resolução dos casos, que parecendo independentes se entrelaçam de maneira misteriosa e intrincada.

Os casos são resolvidos, em grande parte, pelos adolescentes jogadores de Ripper. O que estes jovens não sabiam era que ao trazerem para o jogo casos reais se veriam tão embrenhados na situação como acabaram por ficar.

Neste livro tenho duas personagens que me agradaram especialmente: Amanda, a jovem criado de Ripper, uma adolescente que adora o mistério e que tem a "costela" policial do pai, mas que no fundo tem todos os traços característicos de uma jovem da sua idade. Allende cria, magistralmente, esta personagem, misturando a ingenuidade e os traços mais infantis que um adolescente ainda tenta esconder com os traços mais abertos e aguerridos da personalidade da jovem; e Ryan, ex-navy seal, um homem rijo e treinado com uma frieza e postura típica de um seal, mas que no mostra um lado humano enorme. Todos os seus conflitos internos tornaram esta personagem numa das minhas preferidas (e claro o seu cão ajudou *.*).

Não costumo ler policiais, mas como adoro a autora, e a capa é lindíssima, não resisti e tive que o ler. E ainda bem que o fiz porque foi uma leitura muito boa, que me agradou imenso e que sei que irei ler novamente.
Gostei tanto que obriguei a minha irmã a começar a lê-lo logo a seguir a mim, porque quero muito falar com alguém sobre esta leitura. Não a quero guardar só para mim.

Fãs de Isabel Allende, O Jogo de Ripper é um livro a não perder, que sei que irão apreciar tanto quanto eu.

1 comentário:

  1. Estou super curiosa em relação a este livro :) mas acho que prefiro a capa espanhola.. é linda :)
    * maryredhair *

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