terça-feira, 15 de setembro de 2015

[Opinião Tertuliana] - "Os bebés de Auschwitz" de Wendy Holden



“No fim de contas os alemães eram um dos povos mais cultos e civilizados do mundo. Não era possível que a nação que produzira Bach e Goethe, Mozart e Beethoven, Einstein, Nietzche e Dürer, criasse um plano tão monstruoso, ou era?”


Infelizmente sim, era possível e aconteceu. A nação originária de figuras tão conhecidas da cultura mundial concebeu e executou um dos planos mais macabros de toda a história mundial.

Tal como já todos sabem, a temática da 2ª Guerra Mundial e, mais especificamente, do holocausto, é dos temas históricos por que mais me interesso. Por essa razão, raro será a obra que aborde o mesmo a que eu não queira deitar a mão. Sendo este livro uma dessas obras, como poderia eu não o ler?

Neste livro, Wendy Holden dá-nos a conhecer a história de três mulheres, na altura bebés, que apesar de já existirem nessa época não retêm nenhuma memória. Como poderiam? As suas mães, Priska, Rachel e Anka tiveram-nas em campos de concentração e em vagões que para lá se dirigiam, e contra todas as probabilidades, sobreviveram, assim como as filhas. Ao longo das páginas desta obra, temos a oportunidade de conhecer estas três mulheres que lutaram com todas as suas forças para manter vivos os seres que carregavam nas suas barrigas, e que conseguiram trazê-los a vida em condições desumanas.

Gostei imenso deste livro, tal como gostei de todos aqueles que li sobre esta temática, no entanto, esta obra tem a particularidade de nos mostrar como eram tratadas aquelas judias que se encontravam grávidas no momento em que foram separadas das suas famílias e levadas para os “campos de trabalho”, mais conhecidos como “campos de extermínio”. A maior parte destas mulheres não sobreviveu, assim como os seus filhos ainda por nascer. Assim que o monstruoso médico de Auschwitz, Josef Mengele, percebia que uma das judias carregava uma criança no seu ventre, enviava-a diretamente para a morte.

Através desta leitura pude ver como eram as vidas destas três corajosas mulheres antes da máquina nazi as obrigar a lutar pelas suas vidas e pelas vidas dos seus rebentos. Elas nunca baixaram os braços e a sua força, juntamente com a sorte e com a ajuda que foram tendo ao longo desse caminho tortuoso contribuíram para que hoje três mulheres existam e se orgulhem das suas mães.
“Num desfio que declarado à ameaça de morte que pairava sobre eles, os judeus escolheram viver. Num ato de revolta privada, cantaram, dançaram, apaixonaram-se, casaram-se e (…) tentaram encontrar conforto onde quer que ele estivesse.”

Além de ter gostado da história, gostei também da forma de escrita da autora, assim como da forma como esta organizou a obra de forma a que o leitor conhecesse e percebesse as histórias das três protagonistas. É portanto um livro que eu recomendo, tanto aos fãs deste tema como àqueles que ainda não se iniciaram no mesmo.


À medida que os anos passam, vão sendo cada vez menos as pessoas que sobreviveram ao holocausto e ainda menos aquelas que se lembram dessa época tão negra. Cabe-nos também a nós manter vivas estas memórias, lendo obras como esta e partilhando-as com os outros, de forma a que o ser humano nunca se esqueça do mal que ele própria pode ser capaz de fazer.

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